segunda-feira, 26 de maio de 2014

1930 - O ano que a administração empacou e por que isso nos importa.

“The fundamental problem facing all our institutions today, including government, is not related to conjunctural economic changes. It’s not a business cycle that we are going through. It’s not a cyclical change. It’s a secular change. We are at a punctuation point in human history where the industrial age and institutions have finally come to their logical conclusion. They have essentially run out of gas.”
                                                                                                                       Don Tapscott



Esse é um post que eu queria muito fazer! Ainda acho que falhei ao tentar criar uma imagem impactante o suficiente do ecossistema que nutre a nossa jornada em busca da inovação, mas a proliferação de termos, categorias, teorias somada à redução do tempo no qual a produção desse conhecimento acontece é em si mesmo impressionante.

Nosso pontapé inicial para a modernidade foi a revolução industrial, mas fica claro que a década de 70 foi determinante para a construção do mundo como o conhecemos. Foi nesse período que as teorias cortam a mudança de paradigma social (sociedade da informação), Peter Druker em 1969 cunha o termo "trabalhador do conhecimento", inicia-se a era da "empresa de marketing" [1][2] e meros 10 anos depois teríamos a geração Y (os millennials) vastamente discutidos quando falamos em administração por serem tão diferentes da geração anterior a X (não confundir geração X e Y com os conceitos da teoria de administração do McGregor). Em especial para mim foi educativo colocar tudo isso em perspectiva, numa linha do tempo, mas foi assombroso notar a estagnação das teorias administrativas, na verdade a única escola após a neoclássica que é mais consistentemente mencionada [4][5][6][7] é a contingencial, cuja definição é a que segue:
"Contingency theory is a class of behavioral theory that claims that there is no best way to organize a corporation, to lead a company, or to make decisions. Instead, the optimal course of action is contingent (dependent) upon the internal and external situation. A contingent leader effectively applies their own style of leadership to the right situation."
A teoria da contingência é de 1950, as teorias neoclássicas são de 1930. Quando eu vi isso eu pensei: "É sério que em 64 anos a gente não arranjou mais NADA pra falar sobre administração de forma sistematizada e útil para os nossos administradores?! Que nós continuamos trabalhando as pessoas com a visão de 1930!" Abaixo imagens da fábrica onde famosos estudos de Hawthorne ocorreram:

Álbum completo direto da Harvard University Library

Você se sente representado nesse cenário? Você acredita que as teorias formuladas sobre essas pessoas, trabalhando nessa época, continuam condizentes com a nossa realidade? Se não, por que ó raios são as técnicas de gestão desse período que insistimos em empregar nas empresas? É possível que estejamos sofrendo de um caso tão severo de dissonância cognitiva que alguém ainda acredite que é possível inovar com esses alicerces?

Infelizmente, academicamente, é com base nisso que continuamos formando pessoas. Eu sou formada em administração, tenho um MBA que discutiu técnicas de liderança/gestão de pessoas e nada do que vi academicamente tinha a coragem revolucionária que eu esperava, talvez erroneamente, de instituições de ensino.

Talvez o problema da administração é que ela interessa muito pouco aos empreendedores, àqueles que montam empresas, iniciam negócios, àqueles que fazem. Talvez o problema das empresas é que nunca houve um link concreto ou uma crença, de que as respostas para os problemas práticos poderiam vir do universo teórico. Não obstante, seja na prática ou na teoria continuamos buscando formas de fazer funcionar e existe muita gente bacana por aí falando sobre isso. Vou citar alguns exemplos, que eu acredito que são requerimentos básicos daqueles que desejam mudar a empresa que possuem ou trabalham, que desejam produzir um ambiente no qual a inovação não encontre barreiras e acompanhe esse nosso mundo em permanente mudança.

Niels Pflaeging:

Liderando com metas flexíveis Organize for Complexity: How to Get Life Back Into Work to Build the High-Performance Organization

Jurgen Appelo:

Management 3.0
Steve Denning, as matérias dele na Forbes fazem minha cabeça explodir! Em especial muito nos interessa uma compilação de modernas técnicas gerenciais distribuídas num compilado de excelentes livros de gestão em The Management Revolution That's Already Happening.


Por fim, mas não menos importante, o material que mais me impactou durante as minhas pesquisas, talvez pelo apelo ou semelhança com o manifesto ágil, foi o texto do Gary Hamel na HBR - Moon Shots for Management, abaixo o consolidado dos grandes desafios que precisamos conquistar para transformar a nossa realidade:



Terminamos com as palavras do Hamel:
    "To successfully address these problems, executives and experts must first admit that they’ve reached the limits of Management 1.0 the industrial age paradigm built atop the principles of standardization, specialization, hierarchy, control, and primacy of shareholder interests. They must face the fact that tomorrow’s business imperatives lie outside the performance envelope of today’s bureaucracy-infused management practices.
    Second, they must cultivate, rather than repress, their dissatisfaction with the status quo. What’s needed is a little righteous indignation.[...]"


Glossário: Sociedade IndustrialSociedade da InformaçãoBaby BoomersGeração XMillenials (ou Geração Y)Geração ZKnowledge Worker

Referências:
[1] WHITE, Steven. The evolution of marketing. 18 Jun. 2010. Acesso em: 26 Mai. 2014.
[2] STODDARD, James. Marketing: Historical Perspectives. encyclopedia.com. Acesso em: 26 Mai. 2014.
[3] HAMEL, Gary. Moon Shots for Management. Harvard Business Review,  v.  n. 87, p. 91-98, Fev. 2009. Acesso em: 26 Mai. 2014.
[4] BARNETT, Tim. Management Thought. Reference for business. Acesso em: 26 Mai. 2014.
[5] ENOCK, K. Basic management models and theories associated with motivation and leadership and be able to apply them to practical situations and problems. Health Knowledge. Acesso em: 26 Mai. 2014.
[6] MACNAMARA, Carter. Historical and Contemporary Theories of Management. Free Management Library. Acesso em: 26 Mai. 2014.
[7] OLUM, Yasin. Modern management theories and  practices. 2004. Department of Political Science and Public Administration, Makerere University, KAMPALA-Uganda. 12 Jul. 2004. Acesso em: 26  Mai. 2014.



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